terça-feira, 21 de dezembro de 2010

The train of suspense

terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Ao contrario do que me é habitual não vou fazer muitos comentários antes da carta.
1º porque só iria repetir, provavelmente por outras palavras, aquilo que aqui disse imensas vezes e não me apetece fazer outro post d autoconsimeração...
2º Porque isso iria estragar o final do texto ;D

Portanto os únicos pontos que posso referir antes da leitura da carta são:
- Não sei de onde é que isto surgiu
- Não era este o sentido inicial da historia (acho eu)
- Leiam com bastante atenção, porque eu escondi imensas pistas em relação ao tema principal



Ela compreendeu a inevitabilidade da sua inexistência quando perdeu o comboio.
Viu-o correr nas calhas metálicas, tal como tem visto a sua vida correr em eixos desgovernados. E, tal como tem esperado que esta volte aos eixos, ou que volte simplesmente, esperou pelo próximo comboio.
Um vidro partido no único ecrã naquela, à muito esquecida, estação, impediu-a de ver a que horas este chegaria (voltaria), mas pelos horários, que, calculava ela, teriam tantos anos como aquela fenda no ecrã, este seria apenas dali a uma hora.
Houve uma pequena parte da sua mente que ponderou voltar a casa e tentar ocupar o tempo em que deveria estar noutro sítio qualquer, mas a chuva que caia abundantemente, rapidamente a dissuadiu.
E logo hoje que se foi esquecer de um livro para se entreter. Conseguia visualiza-lo, a seu capa azul, o titulo: A metade sombria, o autor: Stephen King. Mas ainda não é possível transporta-lo do seu espírito para a realidade, apesar de, este não ter qualquer problema em transportar, para a mesma realidade, os terrores descritos nele, acompanhando as sombras que se deslocam nas calhas onde ela, também mentalmente, imaginava o comboio a parar e esperar, por uma desesperada (e não só pelo comboio) rapariga.
Mas ela também deseja existir e, no entanto, essa inevitabilidade continua tão opressiva como o tempo.
O seu coração estava lentamente a abrandar, e há muito tempo que ele não trepidava assim. Aliás, há muito tempo que ele não se dá ao luxo de aumentar rapidamente a pulsação, devido a alguma emoção, mesmo que esta seja quando ela não admite que falta alguma coisa. É pena ele continuar a não sentir agora.
Ela interroga-se (isso não conta como sentimento, pois não?), há quanto tempo terá perdido a vida?
Será que muito simplesmente uma vez se esqueceu dela no banco da estação quando entrou no comboio? Terá caído numa das muitas vezes que correu para apanhá-lo?
E quase que se sente tentada a procurá-la por entre os azulejos do chão ou nos carris.
A rapariga pousa a cabeça na mão e contempla o infinito. Houve alturas em que desejou alcançá-lo, houve alturas em que sonhou. Mas há muito que cresceu para além de menina que desejava encontrar um mundo mágico, onde seria feliz, oh como ela sonhava…
Há um sorriso triste que lhe adorna a face quando pensa na sua ingenuidade. Quem acredita na existência de um mundo mágico, quando nem sequer consegue existir na realidade?
Há algo cândido e pungente na inexistência. É como o cheiro a morte nos berçários.
Ela pode fingir que é real, ela pode fingir que consegue atingir o horizonte (“Se é para lá que quero ir, é lá que chegarei”, magicava a sua inocência), ela pode fingir que ao longo desse caminho não perdeu a existência.
Se apenas ela conseguisse lembrar-se quando…
Será que uma vez acordou e passou a ser menos que nada?
As sombras causadas pelas nuvens ou pela imaginação não lhe respondem, tal como o infinito continua tão longe.
Ela deseja encontrar, por entre as publicidades a mais uma festa, o horário do comboio “Destino: Horizonte”.
Ela reflecte se a sua existência não estará num mundo inexistente.
Ela pondera quando se deixou levar pela sua criança interior e consequente fantasia excessiva.
O relógio parado (ou apenas atrasado dois dias) da estação diz-lhe que já passou bastante tempo, mas não o suficiente. Talvez ainda a consigas recuperar, a vida, quer ele dizer.
Mas a rapariga - criança ignora-o e olha para o relógio de pulso, um grande gato, de grande sorriso (lembranças de um mundo mágico infinito?), que lhe recorda que o próximo comboio para a realidade da não-existência chega dali a 20 minutos. E parece-lhe tanto tempo quando está parada numa redoma de tempestade.
E ela esperou…
Se semicerrar os olhos com convicção suficiente consegue ver o seu reflexo nas gotas de água. As únicas coisas que reflectem aqui a sua cara de desânimo (ou de desvida?) e o seu estado de espírito.
Se piscar os olhos com rapidez suficiente quase consegue fazer o mundo desaparecer.
Há quem (uma certa menina interior) sonhe que, quando ela os volte a abrir, esteja sol e brilhante, por terem chegado à magicidade do horizonte infinito.
Como uma rapariga aborrecida se dedica tão facilmente a jogos infantis, quando só tem por companhia a imaginação, que, aparentemente, nem sequer é dela, porque ela não existe.
Mas a imaginação sentindo-se sozinha, não se faz rogada e decidiu criar um belíssimo coelho, que saltita por entre as linhas do comboio (e da vida).
“De onde terá ele aparecido?”, ri-se uma rapariga sentada num banco frio como a sua alma. Mas aquando a realização de que nem ela sabe de onde ela surgiu, o sorriso morre-lhe entre os lábios e o som.
Os altifalantes da estação, que se encontram tão destruídos como um certo coração, tentam emitir alguma não – tão – útil informação, e ela ignora-os para se divertir (?) a ver um coelho tão alheio ao mundo como ela.
Quando se apercebe que o som em crescendo não é o seu coração a bater, novamente (porque sim, ele estava), já é tarde de mais, e o relógio bem a avisou, e um coelho branco e uma menina feita de esperança, são esmagados pelo comboio da realidade.
Uma certa rapariga – adulta desconhece o abrandar de um coração (e não só o do agora – sem – cabeça coelho) e entra no comboio com o letreiro “Para outro sítio qualquer”.
Houve uma rapariga, chamada Alice, que entrou no comboio errado e só parou no País da Realidade.

“Começa no inicio do inicio, até chegares ao fim: depois pára.”



Agora que já o leram, os meus comentários a fazer são:
- Agradeço a uma das minhas melhores amigas, a Alice ;) (não te preocupes Oskar, também hei de fazer um texto sobre ti)
- Para quem não sabia e estava interessado em saber de onde a Alice veio, aí esta, provavelmente foi ela que me ditou esta historia, afinal e a historia dela =)
- Até gosto minimamente deste texto... (provavelmente porque não fui eu que o escrevi?)
- Acabei de confundir absolutamente toda a gente que não conhece a Alice xD

E sendo maléfica, parva e insistente:
- Comentem com a vossa opinião (ou a dos vossos amigos imaginários), mesmo que esta se limite a "Devias ser internada num hospício"
- Jogo completamente desnecessário:
*100 pontos para quem percebeu o tema
*100 pontos para quem percebeu o final
* 75 pontos se perceberam o tema depois da parte do mundo magico e de não se lembrar quando tinha perdido a existência
* 50 pontos se perceberam depois do relógio de pulso
*25 pontos se perceberam depois do coelho
* 10 pontos por cada referencia à historia original que conseguirem apontar
* 500 pontos se leram o livro ==D
* 1000 pontos se leram os dois livros *.*
Somem (ou não) e digam ;)

P.s - Se perceberam o tema principal obviamente têm que compreender que preciso desesperadamente de agradecer ao Lewis Carrol pelas suas duas obras primas Alice in Wonderland e Alice trough the looking glass *___*
P.s2- Sim a Alice e o Oskar são os meus dois maravilhosos amigos imaginários *imaginary hug*

3 comentarios de ninguém:

Fanfiction.Girl14 disse...

Está lindo *.*
Eu posso não ter percebido todo o conteúdo desta carta, mas está muito profundo e giro. Tens um dom natural para escrever e deverias investir seriamente nessa tua habilidade maravilhosa =)

P.S. Manda um beijinho meu à Alice e ao Oskar ;) xD

Medivh disse...

Esta carta é talvez aquela que percebi melhor até agora :P
Só é pena teres demorado tanto a actualizares o teu blog (-.-) mas valeu o tempo de espera :D
Está espectacular :P
Não tive com preocupação em contar os pontos que adquiri mas o que é certo é que perco logo os 1000 de quem leu os dois livros portanto... a pontuação será uma miséria pq eu nem um li :P

Continua
bjos :P

PS: ve la se pa proxima semana tens algum post novo tábem?... :P
OMG o meu blog não é actualizado à um mês, RECORD!!!!! xD

Nebur disse...

Ó Diana, não queres antes ser tu a escrever o conto que tenho que entregar para a cadeira de Técnicas de Expressão Escrita?
Eheh
Está absolutamente lindíssimo! Adorei tudo *_*
Esta é uma das tuas melhores cartas!

 
Cartas para ninguém... © 2008. Design by Pocket