domingo, 14 de fevereiro de 2010

O ciclo do relógio que anda para trás e um 1/3 de uma história retorcida

domingo, 14 de fevereiro de 2010
Depois de quase 6 meses sem actualizar e tendo decidido finalmente pôr cá os pés, andei a dar umas voltas pelos posts anteriores e apercebi-me que o texto que publiquei no 4º post, que foi escrito à precisamente um ano (o texto não o post), pode infelizmente ser aplicado ao meu "agora".

E o infelizmente deve-se ao facto de que ao longo deste ano que passou (depois de ter escrito o tal texto) passou-se e alterou-se muita coisa na minha vida, aconteceram coisas más e coisas boas e coisas mais ou menos... No entanto, apesar de todas as mudanças parece ter voltado tudo ao ponto de partida, o que só por si já seria desanimador, mas que acaba por se tornar ainda pior, quando esse ponto de partida nem sequer é muito bom (é muito mau para dizer a verdade).

O que me leva ao título do post, se isto é um ciclo que, tal como todos os ciclos, volta sempre ao inicio e que obviamente nunca leva a lado nenhum, qual é o sentido de ver esse ciclo repetir-se outra vez e outra vez e outra vez?

E sim, eu sei, que tudo na vida e no mundo acaba por ser um ciclo infinito, mas digamos que não é nada agradável quando esse ciclo se baseia no principio de péssimo-mau-bom-mau-péssimo.

Ou seja, utilizando a belíssima metáfora do título, eu prefiro um relógio parado, do que um que ande infinitamente para trás.



Mas continuando para a carta para ninguém, que não é mais interessante que esse desabafo estúpido acima, e que incrivelmente também não tem absolutamente nada a ver com isso (a não ser que eu voltasse a pôr o texto do 4º post?):

- É completamente random e o que lá está escrito é o que realmente quer dizer, não tem metáforas, logo não lhe imponham significados que não existem;
- Não tem absolutamente nada a ver comigo ou com a minha vida (a não ser que ainda a tornem mais retorcida e consigam descobrir alguma coisa, o que, tendo em conta que foi escrita por mim, não será obviamente assim tão difícil);
- Pus apenas 1/3 porque a carta ainda é ligeiramente grande o que tornaria este post, que já por si já é bastante longo, ainda maior;
- A carta é tão longa porque é mais aproximada a "história" do que as outras cartas (o que não faz aumentar, no entanto, a sua qualidade).



Meu querido amor inexistente:

Eu ainda estou aqui…
Recebes-te a minha carta? Aposto que sim. E que agora estás a correr (cavalgar) desesperadamente para me salvar, tal como numa belíssima (e imaginaria) historia de encantar.
Ou talvez nunca a tenhas recebido (talvez por não existires?) e eu continuarei aqui… À espera de ti ou de alguém, apenas alguém, que me resgate da dor…
Algumas vezes, sonho tão ardentemente com a salvação, que, quando abro os olhos ou (finjo) enviar estas cartas, quase consigo acreditar que estou realmente a ouvir os teus passos nesta rua deserta.
Mas o vento sopra e eu apenas oiço o lápis a deslizar levemente nesta página e a sua respiração esforçada nas minhas costas (e já nem oiço o meu coração).
Talvez ele pare de bater…
Talvez eu finalmente consiga sentir o silêncio verdadeiro (sem aquela respiração asmática) e ver a escuridão definitiva (sem aqueles olhos febris).
Estarás lá no fim? No outro lado…
Estarás lá à minha espera para me abraçares e dizeres que está tudo bem, tudo bem, tudo bem?
Sentiste-lo rir? (se é que se pode chamar àquele som pavoroso rir)
O quê? Posso sonhar, não posso?
E ele ri-se…
Estás a desejar comigo que ele sufoque nas suas próprias gargalhadas?
Mas aqueles olhos brilhantes de mal continuam a queimar-me a alma, enquanto os meus sonhos vão ardendo com ela.
E o silêncio do vento é interrompido por algo tão assustador como a tua ausência: ele está a chamar-me.
Por entre a luta por respirar, ele está a lutar por me ter mais perto, tão perto que conseguirá (novamente) rasgar-me o coração com as suas garras de desespero.
Posso ignorá-lo?
Posso emudecê-lo?
Não só na minha mente, mas para sempre?
“Para sempre, para sempre” repete ele num sussurro, “para sempre comigo” amaldiçoa-me ele em surdina.
Por isso, ignoro-o (por que não posso silenciá-lo), só desta vez, apenas por esta carta para ti (ou para ninguém) e enquanto ainda tenho esperança que a luz da Lua abafe eternamente o fogo do seu olhar.
Mas os gritos desesperados pela minha perdição continuam…
E ecoam… Nesta rua deserta, neste quarto bafiento e na minha mente (cada vez mais) enlouquecida.
Sabias que a loucura se propaga?
Parte daquela mente retorcida, enleando-se lentamente e dolorosamente na minha, arrastando-a para esta escuridão e roubando-me a dor, a esperança e a tua lembrança…
É por isso que não existes?
Por teres medo que a loucura te capture, que se solte também destas páginas torturadas e tortuosas?
Mas enquanto as vou preenchendo, a loucura continua… Vagueia até mim através do riso e respiração abafada.
Ondula até mim de cada vez que aqueles lábios gretados suspiram o meu nome.


Pronto acaba aqui o 1/3 deplorável, deste pedaço literário deplorável (isto pode sequer considerar-se literatura?).
E termina também este post extremamente random com traços demasiados pessoais -.-

E para aqueles que gostam de ler o que por aqui se posta (ou seja, ninguém) podem alegrar-se, porque o facto de isto ser apenas 1/3 implica que se façam mais posts futuramente.





P.s- É a 2ª vez que eu escrevo isto porque da 1ª quando carreguei para postar desapareceu TUDO -___-
P.s2- Só para quem se interesse (novamente, ninguém) demorei tanto tempo a postar, porque não só tudo o que escrevi nos últimos tempos seria classificado como abaixo de medíocre AKA merda, como era tudo demasiado pessoal.

3 comentarios de ninguém:

Medivh disse...

NOVO post! Nice! Há 5 meses que eu esperava para comentar algo novo!
Ok vamos lá comentar:
A ideia de tudo ser um ciclo repetitivo e mto desanimadora, as coisas voltam muitas vezes a acontecer porque deixamos e não porque elas nos acontecem simplesmente. No mundo a sempre uma maneira de mudar o próximo ciclo mesmo se essa maneira estiver oculta.
Não existem relógios que andam para trás, simplesmente o ponteiro dá a volta e vai passar novamente pelo mesmo sitio, mas nem todas as meia-noite são iguais, ou seja, nem todas as horas por mais parecidas que possam parecer acabam da mesma maneira. É pior ainda quando achamos todas as horas iguais. Mas sinceramente agora que escrevo isso pergunto-me se tenho muita moral para te dizer que a vida não e um ciclo de péssimo-mau-bom-mau-péssimo. Mas pronto senão me consigo ajudar a mim ao menos tento ajudar os outros :P Relógios não andam para trás... repito com convicção.
Acerca da carta... ao amor inexistente - quero ver os outros 2/3 sff
Esta gira, esta num estilo mto "Lady Void" ou "Miss Anarchy"! Eu gosto!!!! :P
Mesmo sendo "uma carta para ninguém", literalmente, pois é para um amor imaginário, em vez de facilitares e criares um poema daqueles bonitos a imaginar o homem perfeito (não seria o teu tipo de poemas eu sei) (isso sim de facto seria algo imaginário, pois ninguém é perfeito), crias este poema dark bem ao teu estilo :P a carta torna-se confusa nalgumas partes mas acho que e assim que deve ficar pois a magia destas tuas cartas esta no facto de serem unicamente tuas (sendo por isso "cartas para ninguém", apenas para ti)
Se compreendi mal a carta peço desculpa :P

Venham mais "cartas para ninguém"
Espero sinceramente não ter de esperar mais 5 meses por um post é quase como estar 5 anos à espera dum novo álbum dos Metallica (pronto tinha de contaminar isto com a minha banda favorita) :P

Anônimo disse...

Olááá, estou aqui a manchar o teu blog com a minha presença! Não é fantástico? xD
Indo já directo à "vaca fria" (LOL):
Os relógios não andam para trás, obviamente, mas a vida não tem de ser um ciclo vicioso de coisas más, más, más e só de algumas coisas boas.
TU podes parar o TEU relógio quando a hora for BOA.
Conseguirás fazê-lo com a força que tens dentro de ti. É claro que é difícil, mas temos força para ultrapassar os nossos problemas. E, se não temos, há alguém ao nosso lado que nos pode ajudar. Tu não estás com "ninguém". Estás com todos nós. Eu, pelo menos, estou contigo. Se não sabes disso, ficas a saber. Se eu pudesse fazia tudo para vos ver felizes...
Ok, antes de começar a chorar à séria (sim, sou tão estúpido -.-') passemos à carta.
Não a achei muito retorcida. Apenas achei que tens o dom de tornar assuntos relativamente simples em boas "cartas" com valor literário, ao contrário do que dizes.
O rumo da carta foi desaguar na loucura, o que é um bom ponto de partida para a personagem que escreve a carta, a meu ver.
A loucura dela fá-la acreditar que o ninguém/alguém dela poderá estar à espera dela, mesmo que seja no "fim da viagem".
Sim, tentei ver a carta segundo uma perspectiva positiva, uma vez que a rapariga se sente, atendendo à sua parte racional que a leva a julgar-se "louca", obviamente, perdida na vida.
Continua a escrever as "cartas para nós" :P

Ruben Gomes

PS: NÃO SEI O QUE SE PASSA MAS NÃO DÁ PA COMENTAR COM A MINHA CONTAAAAAAAA!!!

Laura disse...

Hello :)
Não vou colocar interpretações na carta. Cada um deve fazer a sua, eu penso, e muito provavelmente a minha estará totalmente diferente da tua e discutir pontos de vista baseados em algo que devemos apenas apreciar é inútil.

Gostei do texto e tu sabes que eu gosto deles :) E se os livros que tenho lido são publicados e tão (relativamente) famosos são considerados literatura, os teus textos também são :)
E venham mais, estarei cá para ler ;D (a não ser que um comboio me passe por cima; vai-se lá saber!).

Beijinhos <3

 
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